Enquadramento

Na freguesia do Barco, há registos, documentos e memória histórica de um tempo antigo. Um tempo a que corresponderam os anos 30, 40 e 50, até finais de 60 do século passado, de extração febril de minério. Feita pelo método do “salta e pilha”, sem autorização, em terrenos de aluvião à beira das linhas de água, ou pelo sistema de extração “ao quilo”: os volframistas recebiam autorização dos concessionários das minas para extraírem o minério, e recebiam uma percentagem, “o quilo”, do valor do minério vendido.

A extração e venda de volfrâmio foram proibidas em Junho de 1944 e embora clandestinamente a mineração tenha continuado, retomou em força em 1956, de forma empresarial e industrial com “a companhia inglesa”, a Mina da Argemela, propriedade da Beralt tin and  Wolfram, que interrompeu a lavra em 1961, e com “companhia alemã”, a Mina da Recheira, de 1966 a 1971, maioritariamente detida por Walther e Karl Thobe.

A actividade mineira, no Barco, tem características e estórias únicas. Significativo é o facto de na mesma aldeia coexistirem, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, sobretudo depois de 1940, grupos de extractores e de volframistas, que as autoridades do Estado Novo toleravam, fazendo contrabando, numa política dúbia de neutralidade ou germanofilia.

Esse tempo, os anos 40, 50 e 60 do século passado, é também o do auge populacional e da produção dos signos musicais, da memória local, da evolução dos usos e costumes e da arquitetura local, amplamente influenciados pelos dois elementos dominantes da corografia local: a serra da Argemela e o rio Zêzere.

É a interpretação atualizada desse período e dos primórdios do Barco, por processos audiovisuais e mediatizados, que se mostra no Centro de Interpretação da Argemela.